quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Alguma Prosa sobre Doze Portas

Alguma Prosa sobre Doze Portas


Prefácio a “Doze Portas”, livro de poesia de
Maria Antonieta Pincerato Carreira.

“Entre as estrelas, surge a lua cheia para chorar com os poetas”
Jorge de Lima

Com este “Doze Portas”, a poeta Maria Antonieta Pincerato Carreira, do Colégio Brasileiro de Poetas, de Mauá, deixa o ineditismo e passa a figurar no rol dos escritores que têm seus nomes impressos em letras de forma.
O título deste livro que, diga-se de passagem, é muito bonito, a princípio, sugere mistérios, crimes hediondos a serem desvendados, tramas, etc, o que é ledo engano, pois a autora, que é uma incorrigível romântica, logo de início, começa a se desnudar e aos poucos, vai mostrando ao leitor que é uma empedernida saudosista, que com toda a sua juventude, vive a lamentar a ida dos seus vinte anos.

“Por onde fora, meu Deus, todos esses anos
que em vinte primaveras se perderam?
Que vias sombrias e alegres percorreram,
que passaram entre ilusões e desenganos?”

Todos os poemas de Maria Antonieta Pincerato Carreira estão voltados para a distância, o passado, as valsas, os tangos, os mambos e chá-chá-chás dançados pela autora em outros tempos. São trabalhos tristes, melancólicos, às vezes, terrivelmente doloridos, como uma nevoenta tarde de inverno; percebe-se a cada verso, a decadência dos costumes, as despedidas, os horizontes de infinito azul, que ficaram para trás:

...passos, passos, passo...
........................................
.........................................

Maria Antonieta Pincerato Carreira, a exemplo de mon petit Proust, no “Em Busca do Tempo Perdido”, trava uma surda batalha com o seu tempo, esse bandido impiedoso que sempre sai vencedor em todas as batalhas, por isto a obra de Maria Antonieta Pincerato Carreira está sempre saturada de angústia, uma angústia existencial, provocada pelo correr inexorável das horas, que traz sempre à condição humana o inusitado, o desconhecido, e Maria, como ninguém, soube captar todos esses estados d’alma e transformá-los em boa poesia. Uma poesia, como já foi dito, desesperada, melancólica, mas que agrada profundamente ao leitor. Vejamos:

“Da janela
eu vejo a lua
sempre sozinha
e resignada
com a solidão.
E igual a ela
Está minh’alma
E o meu coração”

Este livro é ainda entremeado de aforismos, todos eles correlacionados a uma porta, o que só vem enriquecer estes primeiros passos poéticos de Maria Antonieta Pincerato Carreira:

“Em tantos corredores, doze portas.
.......................................................
... que abrem, que rangem e que fecham!...
..........................................................
... Rangem agoniadas, descompassadas
tal qual tantos corações!...
.............................................
... Esperando um nada desconcertante...
.............................................................
... na vida de tantas portas que rangem
agoniadas...
...............................................................”

Como vemos, “Doze Portas” é um livro cheio de seiva, de frescor e beleza, que bem dignifica a sua jovem autora, que com o pé direito, ora estréia em letras de forma.
Parabéns, Maria Antonieta Pincerato Carreira, espero ver sempre seu nome escrito no rol dos bons poetas de nossa terra. – ok?

Aristides Theodoro
Do Colégio Brasileiro de Poetas
Mauá, 01/07/84, Toca Filosófica



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