quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Colégio Brasileiro de Poetas de Mauá

Colégio Brasileiro de Poetas Elege sua Nova Diretoria

O Colégio Brasileiro de Poetas, de Mauá, que era dirigido por uma diretoria provisória, após o seu registro, acaba de eleger a sua diretoria definitiva, para o período de 27 de junho de 1981 a 27 de junho de 1983. A nova diretoria executiva e conselho fiscal, consta dos seguintes poetas:

DIRETORA EXECUTIVA
Presidente: Aristides Theodoro (relator)
Vice-Presidente: Iracema Mendes Régis (reeleita)
I Secretário: Lea Aparecida de Oliveira
II Secretário: Arlindo Capela
I Tesoureiro: Alípio de Melo Pereira
II Tesoureiro: Moacir Alves da Silva

DIRETOR SOCIAL
Wilson de Oliveira Jasa

CONSELHO FISCAL
Presidente: Oswaldo Donádio
Vice-Presidente: Antenor Ferreira Lima
Membro: Josias Ramos

DIRETOR DE PATRIMÔNIO
Gerson Gomes da Silva

SUPLENTES DO CONSELHO FISCAL

I Suplente: Jaime Gomes da Silva
II Suplente: Dirceu Hanssen
III Suplente: Isabel Souza Lima

Histórico

Para chegar a este estágio, com dois livros publicados através de ajuda da Secretaria de Cultura e do comércio local, além de outra obra “Útero da América”, lançado em 1982 – com recursos próprios da entidade, o grupo passou por muitos percalços para se firmar como uma instituição que começa a surgir em 1960 em conversa de botequim. Conta o poeta Aristides Theodoro que ele e Moysés Amaro Dalva – “sem dúvida alguma, um dos grandes valores da poesia moderna brasileira, mas infelizmente, pouco conhecido do grande público” – começaram a criar o Colégio Brasileiro de Poetas, entre uma cerveja e outra, no Bar do Yugo – “hoje saudosa memória” – onde ficaram conhecendo os irmãos Hanssen: Castelo e Dirceu.
Esses quatro poetas, em encontros no mesmo bar, segundo Aristides Theodoro, conheceram Mané Galileu, “mineiro cético, gozador, frio, analítico, que punha os anseios do povo em quase todos os seus pontos de vista”. Em suas conversas, nas poesias que faziam, os cinco poetas falavam de miséria e criaram Repúblicas Livres, onde o povo seria soberano, “E assim foi que teve início o movimento poético em Mauá”- frisa Aristides Theodoro, lembrando que a partir daí o grupo foi crescendo e o Bar do Yugo acabou ficando pequeno. Daí passaram para a Praça 22 de Novembro, no centro da cidade, onde conquistaram o apoio do comércio e da Prefeitura, em 1977, para a edição do primeiro livro do grupo: “10 Poetas em Busca de um Leitor”.

Fonte não catalogada


Tertúlias

Todavia, até chegar ao ano de 1977, a formação oficial do grupo com o nome de Colégio Brasileiro de Poetas – que ocorreu em 19 de outubro de 73, quando foi apresentada a súmula do estatuto, passando por “muitas tertúlias, que, como em família, ainda ocorrem até hoje entre os integrantes desse grêmio”, segundo conta o poeta Castelo Hanssen.
Além das brigas dos poetas e das grandes discussões dos temas políticos e econômicos no Bar do Yugo, movidas a riso, piadas, pastéis, muita pinga com limão e de vez em quando, até mesmo, literatura, aconteceram outras coisas na cidade, “Por exemplo – cita Castelo -, os primeiros Encontros de Poetas de Mauá – EPOM – promovidos pela Prefeitura, nos quais fui muitas vezes laureado, não sei se foi pela qualidade das minhas poesias ou se pelo meus lindos olhos míopes. Só sei que sempre se discutiu esse fato e isso foi motivo para muitos arranca-rabos entre eu e meus amigos”.
Para Castelo Hanssen, editar livros é muito importante, mas não é tudo. “Principalmente num país como o nosso, onde se lê muito pouco”- afirma prosseguindo: “Mas poesia faz parte do quotidiano, como conseguimos demonstrar e como vêm demonstrando outros grupos que surgiram depois de nós e ainda estão surgindo por este mundão de meu Deus afora, para levar a poesia com toda a sua essência ao povo e para beber da poesia desse mesmo povo”.
Diante dessa linha de raciocínio é que o Colégio, fugindo ao grupo fechado, passou a fazer um recital de poesias mensal, em local público, onde todos são convidados a ouvir e falar poesia. “O povo atendeu ao nosso chamado e revelamos novos talentos”- enfatiza Hanssen.

Fonte não catalogada

Sucesso

O mais importante para o poeta que ajudou a criar o Colégio Brasileiro de Poetas é que ele aí está, vivo e forte, a mostrar que as idéias quando bem canalizadas não morrem. Ele expõe ainda que o Colégio de Mauá, “não se casou, mas criou filhos legítimos”, como o Colégio Brasileiro de Poetas II, de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, dirigido pelo poeta Samuel Fernandes de Aguiar, além de outros, como o Letraviva, de Guarulhos.
Concluindo diz ainda que a prática de reunir poetas sob o mesmo teto despertou a poesia adormecida em cada pessoa, encorajando a população inclinada a essa arte a mostrar seus trabalhos; frutificou, e hoje existem recitais dessa natureza espalhados por todos os cantos e o Colégio suplantou as fronteiras e tem em seu seio, gente nova e promissora, que quer continuar esse trabalho pioneiro, de espalhar poesia por todo o Brasil..

Domingo em Mauá, 02/05/85

10 Poetas em Busca de Um Leitor

Com este título, foi lançado recentemente em Mauá, no ABC, um livro de poesia reunindo trabalhos locais. O título é bastante significativo na medida em que o poeta brasileiro ou está ligado a determinados grupos de intelectuais que, de certa forma, limitam seu trabalho indicando diretrizes, ou tem de partir para uma iniciativa por conta própria.
O livro foi lançado pelos componentes do Colégio Brasileiro de Poetas, sediado em Mauá, em forma de cooperativa: eles se reuniram para o lançamento da edição definida como “uma antologia temática de poesia hodierna”. Pelo que se percebe, os dez poetas não estão em busca do leitor habitual, viciado, que procura por novas formas de comunicação, de preciosismos, pois o trabalho apresentado é de uma simplicidade tocante.
O livro foi lançado para o homem comum, que lota os ônibus todas as manhãs e que, apesar do que pensam alguns círculos ditos bem informados, tem um senso crítico apurado, tem uma visão própria do mundo e das coisas que nem mesmo os jornais nacionais da vida conseguiram destruir.

Fonte não catalogada


Exemplo a seguir

Os poetas de Mauá contaram com o apoio do prefeito Dorival Resende, daquela cidade, do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, Benedito Marcílio, de vereadores e comerciantes. Em Mauá, aliás, há uma base intelectual. Por exemplo: anualmente, promove-se o Encontro de Poetas de Mauá, realizado pela sexta vez neste ano. Foi a terceira vez em que o poeta forçosamente jornalista por questões de sobrevivência - Castelo Hanssen - conquistou o primeiro prêmio. O terceiro prêmio ficou com Aristides Theodoro, também do Colégio Brasileiro de Poetas.
Embora não possa ser considerada cidade pequena, Mauá não conta com verbas tão grandes como Guarulhos, Santo André ou São Bernardo. No entanto, aqui, conta-se com apoio aos poetas. A Prefeitura lançou uma coletânea das melhores poesias apresentadas em todos os EPOMs. Dessa forma, o Encontro cumpriu sua finalidade maior: atingir o público, O exemplo poderia ser seguido por Guarulhos, onde dezenas de pessoas fazem poesia mas não têm nenhuma chance de divulgar seus trabalhos. Os poucos que conseguem fazê-lo é por conta e risco próprios, como Pedro Jorge. Ele divulgou suas poesias no “Show” “Amostra Grátis”, na Semana Cultural da Farias Brito e seu lançamento foi no Cine Clube Popular. Mimeografou e distribuiu as poesias, discutindo-as diretamente.

O Livro

O jornalista Castelo Hanssen, repórter de “A Voz de Mauá”, teve 8 poemas publicados no livro. Ele acha importante que a impressão tenha sido feita em forma de cooperativa: “Embora em Mauá haja grande apoio da Prefeitura, achamos que ela, de algum modo, já tinha cumprido sua função. Por isso, o livro foi uma iniciativa pessoal nossa, embora também nesse caso, a Prefeitura tenha ajudado”. Castelo Hanssen diz saber que em poucas cidades há apoio oficial: “É nesses lugares que a iniciativa particular se revela. É onde os poetas precisam se reunir e fazer as coisas.
A espera conformista pelo apoio oficial “pedra no caminho” dos poetas: “Sem iniciativa das pessoas não haverá acesso ao público”. “
Dez Poetas foi editado pela Gráfica Bentivegna, que também ajudou muito”, diz Castelo. Os poetas não ficaram à espera de que algum editor se interessasse pelos seus trabalhos, “pois as editoras não dão colher de chá a ninguém”. No caso dos poetas desconhecidos, a frase de Castelo é dolorosamente verdadeira.
Talvez uma das virtudes maiores do livro é que ele tenha conseguido furar uma barreira quase intransponível com uma arma tão simples mas tão em desuso atualmente, a união, resultado da confiança que Moysés Amaro Dalva, Aristides Theodoro, Moacir Alves da Silva, Castelo Hanssen, Iracema Mendes Régis, Antenor Ferreira Lima, Samuel Fernandes de Aguiar, Mané Galileu, Marco Salles e Derci Miranda Gomes têm em suas intenções. Os interessados em adquirir “
Dez Poetas em Busca de Um Leitor” devem escrever para a Caixa Postal 173 – Mauá – São Paulo.

José Manoel Viveiros
Diário de Guarulhos, 01/01/78

A Voz Sonora e Forte dos Poetas de Mauá

O ano 80 foi fecundo para a poesia. Os poetas brotaram por aí, sozinhos ou em grupos, abrindo o peito e fazendo ouvir sua voz. Os livros, os manifestos e movimentos começaram a surgir com uma força que se desconhecia até então. E entre as muitas e boas vozes que se fizeram ouvir, devo citar o grupo de poetas de Mauá (SP) que acaba de me enviar, através de Aristides Theodoro, dois livros: “Revoada de Pássaros Negros”, que é uma edição do Colégio Brasileiro de Poetas e “10 Poetas em Busca de Um Leitor”, uma antologia. No primeiro, Aristides aproveita para contar, de forma bem detalhada, afinal como é que acabaram por se reunir os poetas no subúrbio da Santos-Jundiaí. E nessa história sofrida do dia-a-dia, apareceram o Moysés Amaro Dalva, os irmãos Hanssen (o Castelo e o Dirceu), quarteto que se reunia no Bar do Yugo, local onde o grupo começou a idealizar os primeiros sonhos, imaginando fundar revistas e jornais literários e editar livros na imaginação. Infelizmente, o vazio nos bolsos foi uma realidade que sufocou os sonhos, naquele instante de suas vidas. Outros foram se juntando ao grupo: Mané Galileu, Samuel Fernandes de Aguiar, Moacir Alves da Silva, Marco Antônio Salles, Antenor Ferreira Lima, Iracema Mendes Régis, J. Ramos, Nair Hiioko Kuroda, Arlindo Capela, Vicente Mariano, Alípio de Melo Pereira, Edson Bueno de Camargo, Domingos Bedeschi, Cecília Auxiliadora Bedeschi, Verônica Bezerra de Souza, Valmir do Carmo Meira e Gerson Gomes da Silva. A partir do momento em que o grupo passou a se reunir na Praça 22 de Novembro, já começou a nascer a idéia do primeiro livro, em forma mais objetiva e definida, que foi o “10 Poetas em Busca de Um Leitor”, onde assinam trabalhos o Moysés Amaro Dalva, Aristides Theodoro, Moacir Alves da Silva, Castelo Hanssen, Iracema Mendes Régis, Antenor Ferreira Lima, Samuel Fernandes de Aguiar, Mané Galileu, Marco Salles e Derci Miranda Gomes. Depois veio a idéia de formar o “Colégio Brasileiro de Poetas” (*) que pretendia “expandir-se criando estrutura e tornando-se forte e independente a fim de que pudesse editar os trabalhos dos seus colegiados”, como informa o poeta Aristides Theodoro. Quem quiser ler e ajudar os poetas de Mauá pode ou deve escrever para a Caixa Postal 173, em Mauá. E principalmente vamos ler os poetas que surgem em todos os cantos da terra trazendo sua mensagem de respeito e dignidade humana. Sob todos os pontos, elogiável o trabalho do grupo de Mauá e esperamos que venham unir suas vozes a tantos grupos de poetas que hoje fazem boa poesia.

(*) O Colégio Brasileiro de Poetas foi criado antes de publicarmos os livros. NDA

Diário Popular, 09/01/81

Literatura Hoje
- Poetas de Mauá -

O Colégio Brasileiro de Poetas, de Mauá, acaba de editar sua antologia “Revoada de Pássaros Negros”, que conta com os seguintes poetas: Castelo Hanssen, Moacir Alves da Silva, Aristides Theodoro, Antenor Ferreira Lima, Dirceu Hanssen, Samuel Fernandes de Aguiar, Léa Aparecida de Oliveira, Nair Hiioko Kuroda, J. Ramos, Mané Galileu, Iracema M. Régis, Verônica Bezerra de Souza, Alípio de Melo Pereira, Vicente Mariano. O lançamento oficial do livro será no dia 16/11, às 15h,. na Biblioteca Municipal de Mauá. Todos devem prestigiar esta edição já que representa um esforço da citada equipe para criar um ambiente literário em Mauá, cidade com poucas realizações culturais.
Quanto ao valor intrínseco da obra, há poemas de todos os níveis, mas o que ressalta é a louvável intenção de produzir uma poesia afastada das elites e sintonizada com os sentimentos e anseios populares. E nisto, todos contribuíram com seus grãos de autenticidade. Pedidos: Caixa Postal, 173 – Mauá – SP

Cláudio Feldman
A Gazeta do ABC – Santo André, 1 e 2 de novembro de 1980



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Um comentário:

Unknown disse...

Já ouvi falar de Marco Salles, pensador e intelectual de Mauá-SP. Não o conheço pessoalmente, mas sei que se trata de um conhecedor de questões da língua portuguesa. Alguém saberia o seu e-mail?