quarta-feira, 14 de novembro de 2007

MAUÁ, IMAGENS E HISTÓRIA - A CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA

DOIS DEDOS DE HISTÓRIA

“A história oscila entre a acepção objetiva do que aconteceu
e a noção subjetiva do relato do que aconteceu”

Euclides da Cunha


MAUÁ, IMAGENS E HISTÓRIA A CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA

Na história das Manifestações Culturais de Mauá, a poesia ocupa lugar de destaque principalmente ao estudarmos as décadas de 1970 e 80, quando poetas, críticos e outros intelectuais, após fundarem o Colégio Brasileiro de Poetas – instituição que ganhou extraordinárias dimensões devidas principalmente ao empenho e dedicação de seus integrantes, na época a vanguarda do movimento poético na região, intensificando a produção literária local.
Na verdade, a criação desse núcleo produtor de cultura na cidade tornou-se realidade devido à soma de, pelo menos, dois importantes fatores: o primeiro, como frisamos, a disposição dos escritores; o segundo, a atmosfera cultural favorável na época. e o conjunto das atividades desenvolvidas em torno do então Grêmio Monteiro Lobato. Nesta época, os intelectuais do período podiam tomar livros emprestados, discutir os clássicos da literatura e, ainda, apresentar seus trabalhos. Como reflexo desse contexto cultural, devemos citar também a criação do TECO, Teatro da Comunidade de Mauá e, mais tarde, a realização dos famosos EPOMs, Encontros de Poesia de Mauá. Seja como for, o fato é que o Colégio Brasileiro de Poetas foi responsável por vários recitais de poesia e, também, pela realização do 1º Congresso de Poetas da Região do ABC, realizado no início de 1978, na Praça 22 de Novembro. Além disso, os seus membros conseguiram editar importantes obras, tais como: 10 Poetas em Busca de Um Leitor, Antologia do Colégio Brasileiro de Poetas, Apelo, Poemas da Solidão, Maré Vermelha, Tormenta das Horas, Revoada de Pássaros Negros, dentre outros.
Entre os fundadores do Colégio Brasileiro de Poetas podemos destacar Aristides Theodoro. Autor de diversos livros, poeta, ensaísta e contista, este baiano morador em Mauá é ainda dono de um acervo considerável de livros, considerado por muitos o maior conjunto particular de obras existente na região. De acordo com seu depoimento, este enorme acervo foi sendo formado paulatinamente, ao longo dos trinta anos em que exerceu a função de crítico literário. Entre tantas obras, faz alusão principalmente aos 500 volumes referentes à questão negra, aos 112 títulos sobre a saga do cangaço no Brasil e, também, aos 101 livros de Gilberto Freyre. Aliás, seu atual desejo é escrever a biografia de Gilberto Freyre, de cuja obra principal, “Casa Grande & Senzala”, possui exemplar autografado pelo autor.
Aristides Theodoro, em recente artigo publicado no Jornal da Manhã, ressalta, com relação à época da criação do Colégio Brasileiro de Poetas, “bons tempos aqueles, quando não tínhamos dinheiro. Alguns de nós, tais como o Moysés e eu, não tínhamos dinheiro e quase nem roupas nem pão para comer, porém, tínhamos 20 anos e uma vontade, além de nossas forças, de sermos alguém, isso no âmbito das letras. Éramos uma molecada irreverente no bom sentido, que viajava sem destino certo, horas e horas pelas ruas às vezes lamacentas ou empoeiradas da cidade, apenas para termos mais tempo para tagarelar e dar evasão aos nossos sonhos incandescentes, que enchiam as nossas mentes de idéias mirabolantes, utópicas. Santa ingenuidade de moços puros e sonhadores em plena flor da idade”.

Prof. Dr. William Puntschart
Historiador do Museu Barão de Mauá
Secretaria de Cultura, Esportes e Lazer
Prefeitura do Município de Mauá.



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