quarta-feira, 14 de novembro de 2007

CAPÍTULO VII

CAPÍTULO VII

Quentim Bell, no seu livro “Bloomsbury”, referindo-se a um grupo de intelectuais ingleses do início do século XX, assim se expressou: “Conheci Bloomsbury tanto à época de seu apogeu quanto do seu declínio”. – Por ser testemunha ocular, posso dizer o mesmo do Colégio Brasileiro de Poetas, o qual ajudei a fundar. Falando das suas publicações, quero crer que a “Revoada de Pássaros Negros”, publicada em 1980, graficamente, foi o melhor livro que editamos, com capa de Luiz Antônio Boralli, contendo trabalhos de quatorze trovadores, a maioria deles deixando muito a desejar. Castelo Hanssen é o único bom momento da antologia; o resto não passava de aspirantes que procuravam o bê-á-bá na arte de escrever. Alguns deles evoluíram e outros permaneceram, até hoje, irrecuperáveis medíocres, apenas cheios de presunção e arrogância, qualidade própria daqueles que não possuem talento.
Por essa ocasião, o Colégio incrementou os recitais de poesia; convém dizer que fomos os primeiros a introduzir essa modalidade copiada das “ligas” de jovens adventistas, das quais o Moysés Amaro Dalva, meu irmão Sigismundo e eu tomamos parte, no passado. Essa prática de declamar poesia em praças públicas, auditórios, chegou a ser muito difundida, em vários eventos literários, entre outros grupos, que surgiram como cogumelo durante os anos sessenta e oitenta, depois de nós. Vejam que os primórdios do Colégio Brasileiro de Poetas eram antes da revolução de sessenta e quatro, no famoso Bar do Yugo.
O poeta J. Ramos, membro do grupo, em 1980, escreveu e apresentou uma peça intitulada “O Bode Expiatório” e, em seguida, viajou por algumas cidades do interior paulista e de Minas Gerais, muitas vezes representando o Colégio Brasileiro de Poetas, do qual era presidente e difundindo o seu trabalho. Em maio de 1981, o Colégio realizou uma feira de livros, sobre a qual escrevi um artigo para o jornal “A Voz de Mauá”:
“O Colégio Brasileiro de Poetas realizou no dia 17 deste, na Praça 22 de novembro, centro de Mauá, o seu I Congresso de Poetas da Região do ABC, que durou todo o dia. A festa, muito concorrida, com a presença do povo em geral e de poetas de várias cidades de São Paulo e de outros Estados, analisou o estágio da poesia e da literatura brasileira hodierna, o papel do poeta e do escritor nas transformações socio-culturais de nossa terra e as perspectivas de futuro.
O Colégio vem, por meio desta página, agradecer a todos que contribuíram para o engrandecimento da festa e a propalação da cultura em nossa região, bem como às autoridades locais, que se fizeram presentes e contribuíram de modo satisfatório para que a festa fosse realizada. Também queremos agradecer à Escola de Samba Unidos de Mauá, ao Grupo de Capoeira Sinhá, dirigido pelo mestre Luiz Santana, ao Grupo de Teatro Debate, pela apresentação da sua peça “A Gaiola”, aos diversos poetas e escritores que tomaram parte, declamando seus trabalhos e debatendo os problemas ligados ao escritor. Aos vários órgãos de imprensa, quer falada ou escrita, que divulgaram a festa. (Alô, Nelson Rodrigues, Alô, Jorge Paula, obrigado). Obrigado também aos que expuseram seus livros. O Colégio também quer agradecer a alguns de seus membros, aos apresentadores do programa: poeta Iracema M. Régis, teatrólogo J. Ramos, Moacir Alves da Silva, Arlindo Capela, Alípio de Melo Pereira, Antenor Ferreira Lima, Balzac, Léa Aparecida de Oliveira, Vicente Mariano, Dirceu e Castelo Hanssen, Moysés Amaro Dalva, Wilson Jasa, Ruth Souza, João Marques (do Centro de Oratória Rui Barbosa), pintor Waldir Toledo, poeta Isabel de Sousa Lima, o jornalista Oswaldo Donádio (do Jornal da Manhã), Maria Lúcia Lopes (da Biblioteca Municipal da Penha), poeta Roque Luzzi e sua esposa Dona Wilmen (da União Brasileira de Escritores), poeta Afonso de Souza (da Casa do Poeta), ao jornalista J. Bugre, Antonio Maed, José Roberto (presidente da Academia Brasileira de Poetas – SP), Jaime G. da Silva, poeta Ednaldo Couto (do Grupo Letraviva), de Guarulhos, à poeta Ivone Quartin (da União Brasileira de Escritores), poeta Maria Cecília Lobo (sécretaria da Academia de Letras da Região do ABC), escritor Otaviano Armando Gaiarça (também da mesma Academia do ABC), poeta e editor Cláudio Feldman, poeta Aristides Alves (da Academia Jundiaiense de Letras), poetas José Guimarães e Nelson Ap. Gonçalves (ambos da Oficina Literária do SESC-SP) e a tantos outros figurantes de destaque do cenário literário, que contribuíram carinhosamente para o abrilhantamento de tudo que foi feito. A repercussão que provocou esse Congresso tem sido muito grande e temos recebido inúmeras cartas e telegramas de figuras de destaque de várias partes do Brasil, destacando o professor Afrânio Coutinho (crítico literário, membro da Academia Brasileira de Letras), que deseja receber mais informações a respeito do Colégio e seus membros, a fim de incluí-los na sua “Enciclopédia da Literatura Brasileira”. Diante de tudo isso, nós, como provincianos que somos, nos sentimos como que assombrados e ao mesmo tempo honrados em ver que não estamos sozinhos nesta batalha de espalhar cultura por toda parte e mandar o povo pensar, como queria o poeta.
O Colégio, diante do sucesso do seu primeiro Congresso Brasileiro de Poetas, já está pensando em realizar outro, no ano que vem, dessa vez, com mais vagar, mais estruturado, e que eleve o nome de Mauá e da região do ABC Paulista, por estes brasis afora.”

A Voz de Mauá, 28/8/81




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