quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Margarita, A Tecelã de Palavras

Margarita, A Tecelã de Palavras

Prefácio ao livro “Das profundas Raízes”, da argentina Margarita Anechina, que passou pelo Colégio Brasileiro de Poetas, iluminando-o com sua vasta cultura e humanidade.

Conheci a autora deste “Das Profundas Raízes”, (*) uma figura humana inesquecível, numa reunião do Colégio Brasileiro de Poetas, onde conversamos muito a respeito de literatura latinoamericana, em especial, sobre Jorge Luis Borges e José Hernández, o famoso autor de “Martin Fierro”. Dias depois, para minha surpresa, recebi os originais deste livro, para deitar-lhe alguns comentários. Mergulhei na leitura, da qual saí revigorado diante de um estilo sóbrio, seguro e grandioso, que jorra abundantemente daquelas páginas nervosas e contagiantes.
Das Profundas Raízes”, da argentina Margarita de Anechina, é um livro comovente, com muito ritmo e sonoridade; percebe-se vivamente que a autora se inspirou no nosso carnaval, para criar coisa tão bela, elástica e contagiante como esta. Leiamos:

“O ar estava fevereiro. / Uma constelação de lantejoulas /
é o pátio, / O surdo marca o ritmo / e o samba nasce quente /
abanando as ruas / por onde navegam as noites...”

Trata-se de uma poesia adulta, precisa; cada frase fora colocada em seu devido lugar e surte um efeito todo particular em quem as lê.
Outra coisa que chama a atenção do leitor deste “Das Profundas Raízes” são alguns termos inusitados, usados pela autora, que, de uma forma ou de outra, só engrandecem o livro:

“O ar estava fevereiro, um céu glacê”, deposita em
minhas mãos / um ramalhete de canetas... “Um enredão
de estrelas”, “abanando / as ruas / por onde navega a
noite”. “Em Buenos Aires nunca é manhã / sempre ontem”.

“A noite coalhada de sons.” “Que certo Deus / de duvidoso
Olimpo / não terminou de sonhar”.

Alguns poemas deste livro, tais como “Eu Quero... Pedra” e “280 Passos”, são trabalhos fluidos, que produzem no leitor os efeitos de um filme em câmera lenta. O último trabalho aqui citado é de uma beleza indescritível e de um erotismo sutil e contagiante, que prende a atenção de qualquer leitor. Para nós, brasileiros, é um motivo de orgulho recebermos esta escritora que, diga-se de passagem, é argentina radicada no Brasil e que já domina perfeitamente os macetes da língua portuguesa, portanto, uma irmã latino americana, que acaba de nos dar um livro maduro, suculento, e, por certo, provocará fervorosos comentários nos caminhos por onde passar.

Aristides Theodoro
Do Colégio Brasileiro de Poetas
Mauá, 30/10/83 - Toca Filosófica

(*) Quando escrevi este prefácio repeti por três vezes o título do livro como “Das Raízes Profundas”, quando na verdade é “Das Profundas Raízes”



* * *

participe da Comunidade literária Estórias de CURIAPEBA
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=40605150
-
Veja o Blog com algumas das Estórias de CURIAPEBA
http://estoriasdecuriapeba.blogspot.com/

Nenhum comentário: