quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Maria José e Seu Grande Amor

Maria José e Seu Grande Amor

Engraçado este mundo; quando todos se preocupam com a seca no Nordeste, aluvião no Sul, ouro na Serra Pelada, petróleo na Bahia, mudança de clima e governo, guerra em vários pontos da terra, crimes hediondos, desemprego, carestia, fome e outros males de responsabilidade humana, em meio a todo esse burburinho surge uma mulher oferecendo uma “Cesta de Estrelas”. Trata-se da radialista Maria José Castiglioni, uma capixaba radicada em Santo André.
É um livro de bolso, com poemas curtos que não passam de uma página para outra. O espaço da folha branca antecedente é ocupado com pensamentos edificantes. Embora partindo de uma mentalidade e do espírito de uma mulher que não se queda, a série de poemas não é forte, mas, romântica ao extremo e gostosa de ser lida. A autora construiu esse livro com o coração voltado para seu grande e inesquecível amor, que escapuliu por entre os vão dos dedos e foi embora para nunca mais voltar. Arcada de angústia e nostalgia, Maria José Castiglioni derramou copiosas lágrimas por cada poema escrito:
Palavras soltas / ao vento! / Na praça há bancos, /
Me sento. / Lembro do amor, / Lamento... / Vem a
Saudade. / Não agüento / Choro!...

O valor da sua obra não está especificamente ligado à técnica da construção dos versos, mas nas palavras simples e brandas, sem constrangimento ou queixume.
Difícil para uma criatura ferida no seu orgulho, ainda que tenha personalidade:

Não me perdi numa ilusão! /
Perdi-me na existência / Entre sonhos /
Lindos sonhos.... / De asas Livres / Como
braços abertos. / Querendo abraçar /
De uma vez, o céu / E o mar.... / Num impulso. /
Usando as asas do ideal. / Acreditei / Que tudo
que amei / Caberia num abraço que une, / Perpetuando
na saudade / A glória de ser triste.”

A narrativa do livro discorre na mesma temática até o desfecho, com a poeta usando sua capacidade criativa, sem empregar uma única palavra estrambólica ou difícil de ser entendida, para que o leitor ponha-se ao seu lado e torça por um final feliz.
A frustração notada todo o tempo em “Cesta de Estrelas”, serve de exemplo e alerta para a juventude de hoje e de sempre, que tem crido cegamente no amor à primeira vista. A ânsia e o desespero que essa mulher demonstra, na esperança do retorno do ex-marido, verdadeiramente nos empolga. Naturalmente o tempo passa sem que se perceba, porque o excesso de vaidade atrapalha a visão e o sentido, para que não se atine aos mínimos detalhes, para que as chances passem e o arrependimento fique. Feliz de quem pára, para pensar em si próprio:

Hoje sinto saudade / De mim! / Passei pela vida
assim, / A sonhar! / Na ânsia de ultrapassar / O
hoje / E rapidamente / Chegar ao amanhã.... / Não
tenho hoje. / Só tenho ontem / Para lembrar, / O tempo
me traiu. / A vida me mentiu, / A felicidade fugiu /
E o amor.... faliu!”

Com esta rápida amostragem, pode-se ter conhecimento do comprobatório enredo, que não é um best-seller mas um bom livro; não rebuscado, simples e objetivo. Maria José pôde dar-se por feliz, sabendo que o que é bom para um, pode não ser para outro.

Antenor Ferreira Lima
A Voz de Mauá, 1983


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