quarta-feira, 14 de novembro de 2007

APÊNDICE I - QUATRO ESCRITORES MAUAENSES TOMBADOS NA MORTE

APÊNDICE I

Assim, parece-me, neste momento que a memória é uma faculdade maravilhosa e que o dom de fazer ressurgir o passado é também surpreendente e bem melhor que o dom de prever o futuro”.

Anatole France

QUATRO ESCRITORES MAUAENSES
TOMBADOS NA MORTE


O que dizer de gente como Luis Gubitozo, Vicente Mariano, Antenor Ferreira Lima e Dirceu Hanssen? – Gente que viveu, amou e morreu?
Ah, quantas lembranças! Quantas doces e doloridas lembranças, especialmente dos dois últimos, por serem mais chegados a mim.
“O Homem passa, desaparece na morte, porém deixando um pensamento escrito, permanecerá para sempre”, já dizia Coelho Neto. E alguns desses escritores, mesmo não sendo grandes nomes das letras nacionais, por certo viverão nas páginas amareladas dos livros e antologias de que participaram. Luis Gubitozo e Vicente Mariano viveram longas vidas, morrendo não muito distante um do outro. Antenor Ferreira Lima e Dirceu Hanssen morreram muito jovens, na flor da idade.
O ensaísta Luis Gubitozo nasceu em São Simão – São Paulo, no dia 04 de setembro de l910. Mudou-se para Mauá, onde se instalou como consertador de rádio, na então cidade da Porcelana. Era um homem atirado, inquieto e muito criativo; chegou mesmo a planejar e executar um pequeno avião, que no dia de seu vôo inaugural, espatifou-se ali nas matas do Sertãozinho. Gubitozo escreveu um livro, “Caminho a Seguir”, recebendo calorosas palavras de elogio do então presidente Castelo Branco. Ao morrer, no dia 18 de junho de 1985, deixa esboçados mais cinco livros de reflexões sobre os graves problemas do País e leva consigo uma consciência tranqüila de haver cumprido o seu dever, aqui, neste vale de lágrimas.
Vicente Mariano era um homem simples, um homem do povo, muito religioso, que fazia uma poesia também simples, forrada da mais pura ingenuidade, sempre enaltecendo as coisas do espírito. Pouco conheço de Vicente Mariano, embora nos víssemos e nos cumprimentássemos com muita efusão a cada segundo domingo do mês, por ocasião dos Recitais de Poesia , promovidos pelo Colégio Brasileiro de Poetas, de Mauá, nas dependências do Museu Barão de Mauá. Vicente Mariano não chegou a publicar nenhum livro; seus trabalhos foram inseridos na antologia “Revoada de Pássaros Negros”, publicada pelo Colégio Brasileiro de Poetas, em 1980, e outros tantos, publicados pela “A Voz de Mauá”, jornal que muito colaborou e continua colaborando com as letras da região, sempre publicando e estimulando os novos escritores.
De todos os poetas, Antenor Ferreira Lima foi o mais fecundo, o que mais produziu, publicou. Participou das quatro antologias do Colégio e de tantas outras editadas na época, por estes brasis afora. Colaborou, com seus artigos, em vários jornais, ora publicando poesia, contos, ensaios e ora, crítica literária, e nos deixou os seguintes livros: “Maré Vermelha”, poesia, 1978 e “Tormenta das Horas”, poesia, 1983. Foi membro dos mais atuantes do Colégio Brasileiro de Poetas e, ao morrer, trabalhava nos seguintes livros: “Rebelião dos Cachorros” (contos); “Encontro das Águas” (poesia) e “Marco Zero” (poesia). Antenor Ferreira Lima nasceu em Igreja Nova, Alagoas, no dia 24 de dezembro de 1930 e morreu em Mauá, no dia 28 de março de 1984, deixando uma imensa lacuna para a poesia mauaense e abeceana.
Dos quatro escritores abordados aqui, Dirceu Hanssen (O Quincas Berro D’Água, como era conhecido entre os íntimos), irmão do jornalista Castelo Hanssen, foi o que menos produziu. Porém sua vida foi rica em anedotários e achados pitorescos. Escreveu três ou quatro poemas e duas crônicas durante toda a vida, que foram publicados em “Revoada de Pássaros Negros” e na “Vanguarda”. A maioria dos seus poemas não foram escritos, porém ditos, esbanjados nas mesas do Bar do Yugo, onde o Dirceu se ensopava de cachaça, fumava fedidos Macedônias e dizia, às vezes, verdadeiras pérolas, que eram acrescentadas à sua vida folclórica e desregrada de beberrão inveterado.
Portanto, quatro escritores mauaenses já tombados na morte, que além das minhas reflexões, devem ser lembrados.

Estes fragmentos de
“Quatro Poetas Mauanses Tombados na Morte”
escrito por Aristides Theodoro, foram transcritos da Revista “Em Movimento”, agosto de 1998, nº 1.


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