quarta-feira, 14 de novembro de 2007

CAPÍTULO IX

De minha parte, acho que seria injusto terminar esta série de apontamentos sobre manifestações literárias em Mauá, sem transcrever o que a imprensa disse sobre nós e, para tanto, vou citar algumas opiniões emitidas. Vamos lá:
“A exemplo dos anos anteriores, Mauá, justamente denominada a “Capital da Poesia”, realizará o seu tradicional concurso de poesia, por ocasião dos festejos a serem levados a efeito no próximo dia 8 de dezembro, em homenagem ao transcurso do seu aniversário. Durante 5 anos consecutivos, tivemos oportunidade de aquilatar o alto grau de interesse despontado no seio da população mauaense, quando um elevado número de cultores do verso tem participado dos memoráveis encontros. No ano passado, dois poetas de valor foram premiados pela segunda vez consecutiva: Castelo Hanssen, com o poema “Estou Vendendo a Mim Mesmo” e Aristides Theodoro, com “Negro Velho”.

Roque Luzzi
Folha do ABC, 20/11/77
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“Foi um sucesso sem precedente o I Encontro de Poesia de Mauá. Esse negócio de “sucesso sem precedente”já tá um pouco manjado, mas a gente não acha outro termo, vai esse mesmo. As poesias classificadas foram ótimas, embora eu seja suspeito para falar disso. Estou entre os classificados. Aproveito a ocasião para falar de meu amigo Hélio, ator do TECO, rapazinho legal e ótimo declamador. Ele também participou do concurso mas não foi classificado. Em compensação, foi o melhor declamador. Além de “Canção pro Sol Voltar”, o criolão leu outros poemas cujos autores não se achavam presentes. Mas vamos falar de poetas. Todo mundo, quando não tem nada para fazer, fala que a poesia já morreu. Mentira desgramada. O encontro provou isso. Nada menos de duzentas poesias foram inscritas”.

Castelo Hanssen
Tribuna Popular, 10/9/72 – Santo André
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O Colégio Brasileiro de Poetas, com apoio da CECESP e da Prefeitura Municipal de Mauá, promove, no dia 19 próximo, na Biblioteca Municipal de Mauá, o lançamento do livro “10 Poetas em Busca de Um Leitor”, coletânea de poesia de poetas mauaenses, que abre o programa do Colégio Brasileiro de Poetas, cujo objetivo é promover a literatura e editar as obras de autores mauaenses que estão na “gaveta”. Marco Salles, Samuel Fernandes de Aguiar, Iracema M. Régis, Moacir Alves da Silva, Moysés Amaro Dalva, Aristides Theodoro, Castelo Hanssen, Antenor Ferreira Lima, Mané Galileu e Derci Miranda Gomes são os dez poetas que estão à procura de leitores. Desse grupo de poetas, nasceu o Colégio Brasileiro de Poetas, para institucionalizar o movimento e do “Colégio” sairão outros livros, em prosa ou verso, de novos autores. Está previsto para meados do ano o lançamento de um livro de contos. A grande atração do dia 19 será o poeta e cronista Gióia Júnior, convidado para ser padrinho do lançamento de “10 Poetas em Busca de um Leitor”.

A Voz de Mauá. 15/2/78.

“De repente, em meio à selva de letras, a poesia ressurge, maior, para se firmar entre os leitores. E os poetas reaparecem, com força e sensibilidade. Para a crítica e para os leitores, uma surpresa agradável o aparecimento da “Revoada de Pássaros Negros”, reunindo poetas do ABC com a chancela do Colégio Brasileiro de Poetas. O livro, no seu todo, é excelente. Lógico que um ou outro autor se destaca dos demais, caso de Aristides Theodoro, um poeta que tem muito a dizer, e Castelo Hanssen. Mas vale a pena ler Moacir Alves da Silva, Antenor Ferreira Lima, Dirceu Hanssen, Léa Aparecida de Oliveira, Nair Hiioko Kuroda, J. Ramos, Mané Galileu, Iracema M. Régis, Alípio de Melo Pereira, entre outros.

Guido Fidélis
Diário do Grande ABC, 4/1/81


“...não comungamos com a falácia negativista de uns e de outros que só se queixam, aguardando que a glória os bafeje, enquanto criticam os “trombadinhas da literatura” que arregaçam as mangas e vendem seu peixe. Graças aos “trombadinhas” ou vendedores de ilusão, ou “livreiros da noite”, como os apelidou recentemente o “Jornal da Tarde”, em longa reportagem, a atividade literária continua. E grupos como Pindaíba, Poetasia, de São Paulo; Taturana, de Santo André; Projeto Palavra, de São Caetano do Sul e Colégio Brasileiro de Poetas, de Mauá, dão o seu recado na praça e fazem a história literária deste País. Nossa esperança é que nos anos 81 os Taturana, Pindaíba, Poetasia, Colégio Brasileiro de Poetas, cresçam e se multipliquem, pois é graças a eles que os donos do poder jamais conseguirão calar as verdadeiras e conscientes vocações literárias”.

Antônio Possidonio Sampaio
A Voz de Mauá, 14/1/81
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“Iracema M. Régis, Maria José Castiglioni, Tônia Ferr, Margarita Anechina, do Colégio Brasileiro Feminino de Poetas, de Mauá. Primeiro Iracema, depois Maria José, seguida de Tônia Ferr e por fim Margarita. Iracema, nordestina do Ceará e Tônia Ferr das Alagoas. Maria José, do Espírito Santo e a argentina-brasileira, Margarita Anechina. Conclusão, o Colégio Brasileiro de Poetas, que no final de 82 contava apenas com a presença feminina de Iracema e Marilou, hoje conta com um time de mulheres literatas. Isto quer dizer que, para orgulho da classe, a nossa mulher está inserida cada vez mais no campo das Letras.”

Iracema M Régis.
A Voz de Mauá, 84.

“O Colégio Brasileiro de Poetas, dando prosseguimento às suas atividades culturais, realizará no próximo domingo, o seu Primeiro Congresso de Poetas, na Praça 22 de Novembro no centro de Mauá. Trata-se da primeira festa, cujo objetivo é discutir o atual estágio da poesia e da literatura brasileira hodierna, o papel do poeta e do escritor nas transformações sócio-culturais de nossa terra e as perspectivas de futuro”.

A Voz de Mauá, 20/05/81.

“Com o surgimento do Colégio Brasileiro de Poetas começa a delinear um novo panorama do fazer literário no ABC. Era comecinho dos anos 70 (19/10/73), quando os poetas Aristides Theodoro, Castelo Hanssen, Moysés Amaro Dalva e Nelson Bergamaschi decidiram formalizar juridicamente o pequeno e rebelde grupo que, desde o início da década de 60, vinha se reunindo no bar do Yugo, centro de Mauá. “Além das Tertúlias do bar do Yugo, movidas a riso, piadas, pastéis, muita pinga com limão e, de vez em quando, literatura”, conforme relata Castelo Hanssen no Prefácio de “Útero da América”, o grupo adotou uma postura inovadora, já a partir do título de sua primeira coletânea: 10 Poetas em Busca de um Leitor, ou seja, anunciando a que vinha. O leitor era seu alvo, e do bar, os poetas passaram a realizar recitais públicos. Se não criaram nenhuma estética revolucionária em sua própria obra, inovaram na técnica, de cunho social em sua totalidade. Inovaram principalmente na forma inusitada, até então, de se veicular poesia, lendo seus versos para “novos e velhos, pretos e brancos, operários, donas de casa e hippies, enfim, gente que pensa, anda, sente dores e se angustia”, ainda no dizer de Castelo.
Apesar dos hiatos nas suas atividades, graças, em especial, à tenacidade de Aristides Theodoro, seu Presidente por largos anos, o Colégio veio a se tornar um marco de resistência e atuação literária na região, até meados dos anos 80. Publicou quatro antologias (Antologia poética, edição mimeografada, 1977; “10 Poetas em Busca de Um Leitor”, 1977; “Revoada de Pássaros Negros” e “Útero da América”, 1982).”

Dalila Teles Veras
Raízes Ano III nº 4, Janeiro de 1991
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