CAPÍTULO IX
De minha parte, acho que seria injusto terminar esta série de apontamentos sobre manifestações literárias em Mauá, sem transcrever o que a imprensa disse sobre nós e, para tanto, vou citar algumas opiniões emitidas. Vamos lá:
“A exemplo dos anos anteriores, Mauá, justamente denominada a “Capital da Poesia”, realizará o seu tradicional concurso de poesia, por ocasião dos festejos a serem levados a efeito no próximo dia 8 de dezembro, em homenagem ao transcurso do seu aniversário. Durante 5 anos consecutivos, tivemos oportunidade de aquilatar o alto grau de interesse despontado no seio da população mauaense, quando um elevado número de cultores do verso tem participado dos memoráveis encontros. No ano passado, dois poetas de valor foram premiados pela segunda vez consecutiva: Castelo Hanssen, com o poema “Estou Vendendo a Mim Mesmo” e Aristides Theodoro, com “Negro Velho”.
Roque Luzzi
Folha do ABC, 20/11/77.
“Foi um sucesso sem precedente o I Encontro de Poesia de Mauá. Esse negócio de “sucesso sem precedente”já tá um pouco manjado, mas a gente não acha outro termo, vai esse mesmo. As poesias classificadas foram ótimas, embora eu seja suspeito para falar disso. Estou entre os classificados. Aproveito a ocasião para falar de meu amigo Hélio, ator do TECO, rapazinho legal e ótimo declamador. Ele também participou do concurso mas não foi classificado. Em compensação, foi o melhor declamador. Além de “Canção pro Sol Voltar”, o criolão leu outros poemas cujos autores não se achavam presentes. Mas vamos falar de poetas. Todo mundo, quando não tem nada para fazer, fala que a poesia já morreu. Mentira desgramada. O encontro provou isso. Nada menos de duzentas poesias foram inscritas”.
Castelo Hanssen
Tribuna Popular, 10/9/72 – Santo André.
A Voz de Mauá. 15/2/78.
Guido Fidélis
Diário do Grande ABC, 4/1/81
“...não comungamos com a falácia negativista de uns e de outros que só se queixam, aguardando que a glória os bafeje, enquanto criticam os “trombadinhas da literatura” que arregaçam as mangas e vendem seu peixe. Graças aos “trombadinhas” ou vendedores de ilusão, ou “livreiros da noite”, como os apelidou recentemente o “Jornal da Tarde”, em longa reportagem, a atividade literária continua. E grupos como Pindaíba, Poetasia, de São Paulo; Taturana, de Santo André; Projeto Palavra, de São Caetano do Sul e Colégio Brasileiro de Poetas, de Mauá, dão o seu recado na praça e fazem a história literária deste País. Nossa esperança é que nos anos 81 os Taturana, Pindaíba, Poetasia, Colégio Brasileiro de Poetas, cresçam e se multipliquem, pois é graças a eles que os donos do poder jamais conseguirão calar as verdadeiras e conscientes vocações literárias”.
Antônio Possidonio Sampaio
A Voz de Mauá, 14/1/81.
“Iracema M. Régis, Maria José Castiglioni, Tônia Ferr, Margarita Anechina, do Colégio Brasileiro Feminino de Poetas, de Mauá. Primeiro Iracema, depois Maria José, seguida de Tônia Ferr e por fim Margarita. Iracema, nordestina do Ceará e Tônia Ferr das Alagoas. Maria José, do Espírito Santo e a argentina-brasileira, Margarita Anechina. Conclusão, o Colégio Brasileiro de Poetas, que no final de 82 contava apenas com a presença feminina de Iracema e Marilou, hoje conta com um time de mulheres literatas. Isto quer dizer que, para orgulho da classe, a nossa mulher está inserida cada vez mais no campo das Letras.”
Iracema M Régis.
A Voz de Mauá, 84.
“O Colégio Brasileiro de Poetas, dando prosseguimento às suas atividades culturais, realizará no próximo domingo, o seu Primeiro Congresso de Poetas, na Praça 22 de Novembro no centro de Mauá. Trata-se da primeira festa, cujo objetivo é discutir o atual estágio da poesia e da literatura brasileira hodierna, o papel do poeta e do escritor nas transformações sócio-culturais de nossa terra e as perspectivas de futuro”.
A Voz de Mauá, 20/05/81.
Apesar dos hiatos nas suas atividades, graças, em especial, à tenacidade de Aristides Theodoro, seu Presidente por largos anos, o Colégio veio a se tornar um marco de resistência e atuação literária na região, até meados dos anos 80. Publicou quatro antologias (Antologia poética, edição mimeografada, 1977; “10 Poetas em Busca de Um Leitor”, 1977; “Revoada de Pássaros Negros” e “Útero da América”, 1982).”
Dalila Teles Veras
Raízes Ano III nº 4, Janeiro de 1991.
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