quarta-feira, 14 de novembro de 2007

CAPÍTULO VI

CAPÍTULO VI

Houve um tempo em que o Colégio Brasileiro de Poetas cresceu muito. Não de modo qualitativo, mas em número de pessoas que escreviam meia dúzia de palavras em forma de versos e se julgavam o máximo, carregando uma vaidade extrema, maior que seu próprio peso. O que fazer? São os ossos do ofício. O Colégio, a exemplo das igrejas, enquanto existiu, esteve com as portas abertas para todos os amigos da arte e acenava para seus membros, não com o reino dos céus, porém com seus nomes impressos em letras de forma, nas páginas de suas eventuais antologias. Fazíamos um recital de poesia mensal, que era muito concorrido e copiado por muita gente e para o qual vinham poetas de todo o ABC, de São Paulo e de outras cidades vizinhas; ali todos tinham o seu minuto de glória e os estrondos das palmas dos presentes, para massagear o ego incendiário do vivente. Assim, quando menos esperávamos, tínhamos um Colégio inchado, cheio de gente interesseira, futriqueira, e politiqueira, que se beneficiava do Colégio, tirava proveito em causa própria, fugindo à antiga filosofia do grupo.
Na hora de abrir a boca no mundo e dizer “eu sou do Colégio”, todos diziam, mas na hora de trabalhar e se dar em prol da entidade, pouquíssimos se dispunham a colaborar. Quando se falava em montar uma nova antologia literária, o grupo inchava, apareciam interessados de todas as longitudes e latitudes, a maior parte com trabalhos ruins, e após a publicação, desapareciam tão inesperadamente como apareceram. Então fomos perdendo o pulso e o Colégio passou a perder aquele seu atrativo do início, tornando-se um ambiente detestável, onde havia sempre alguém discordando e conspirando contra tudo e contra todos.
Quando se escolhia novo presidente para dirigir o grupo por dois anos, eram dias propícios para as maiores discordâncias, em que apareciam as chapas mais absurdas, compostas com os elementos mais retrógrados, que por não terem consistência, se punham a denegrir os primitivos ideais do movimento, bem como seus fundadores. O Colégio, naqueles momentos, era um dos piores ambientes que se podia imaginar. Eu mesmo fui execrado e vilipendiado por muitos que não tinham moral para me acusar. Tudo isso desgostou-me profundamente, pois aqueles que menos faziam, eram justamente os que mais procuravam denegrir a imagem dos que produziam alguma coisa.
Nessa ocasião, passamos a editar os nossos primeiros livros. O pioneiro foi o poeta J. Ramos, que editou o seu “Apelo”, um livrinho, para a época, 1977, tremendamente sem-vergonha, apelativo, com a capa lambecada de verde e amarelo, conforme os ditames dos dias vigentes, cheios de milicos gritando ordinário, meia volta, volver! Mais tarde, J. Ramos lançou “Espírito Selvagem” e “Poemas da Solidão”, ambos em 1991. Antenor Ferreira Lima, talvez um dos maiores colaboradores do Colégio, em todos os tempos, publicou “Maré Vermelha”, em 1978, um livro bem impresso, com belíssima capa do pintor Odayr Miguel de Oliveira, que pela aparência gráfica chamava a atenção do leitor, embora o conteúdo deixasse muito a desejar. Em 1983, publicou mais um livro intitulado “Tormenta das Horas” e morre em seguida, na noite de 28/3/84, aos 53 anos de idade, em pleno vigor criativo. Antenor foi uma das pessoas mais íntegras, desprendidas e amigas, que já conheci dentre a condição humana. Eu fui o terceiro a aparecer, levado pela minha estúpida vaidade, com um livrinho mesquinho, ordinário, “Dandaluanda”, um monstrengo, “abaixo da desconsideração”, do qual tenho vergonha mesmo de pronunciar o nome e que jamais gostaria de vê-lo editado; isso foi em 1982. Nove anos mais tarde, publiquei “O Poeta passeia por São Paulo num Sábado à Tarde”, com bonita capa da artista plástica Fátima Ávila e um prefácio “liliputiano”da escritora Dalila Teles Veras. Esse livrinho, de certa forma, me agrada; afinal, externo nele o meu imenso amor pela cidade de São Paulo, com sua turbulência vertiginosa. Em 1992, publiquei “Poeminha Sem Realismo Para Ruth”, muito bafejado pela crítica e que se esgotou em pouco tempo. Em seguida, lancei, juntamente com a jornalista, poeta e contista, Iracema M. Régis, minha colega de imprensa, “Como Preparar Um Diabo Velho em Forno Brando” (ensaios), que também proporcionou muitas palavras amigas por parte dos leitores e da crítica. Por último, a Edições Alpharrabio de Santo André editou “Estórias de Curiapeba”, um livro de contos regionais, em 1996. Castelo Hanssen publicou “Canção pro Sol Voltar”, um trabalho excelente, forrado de ironia, denúncias e complacência ao mesmo tempo, em 1983, o mesmo ano em que Iracema M. Régis, após ser premiada nos dois ruidosos Concursos de Poesia de Cubatão (1980-81), resolveu publicar um livro, revestido de bonita capa de Cleusa da Silva, detalhes do pintor mauaense Aloísio e prefácio do velho romancista Antonio Possidonio Sampaio, intitulado “Poesia”, cuja edição de 1000 exemplares esgotou-se em pouco tempo.O Colégio ainda teve participantes do naipe de uma Tônia Ferr, poeta rebelde, que no embalo das publicações, apareceu com o seu “Massacre”, um livro demoníaco, desaforado, de leitura agradável. Na época, Maria Antonieta Pincerato Carreira publicou ”Doze Portas”; Maria José Castiglione lançou “Cesta de Estrelas”; a argentina Margarita Lo Russo de Anechina editou “Das Profundas Raízes”; Nivaldo Batista veio à tona com “O Fim do Inverno”; José Cícero, “O Poeta e a Rosa”; Afonso Vicente Ferreira, um livro imenso, intitulado “Arpejos Poéticos”; Vera Lúcia Macário fez surgir o seu “Patinho Feio” e Alípio de Melo Pereira, que foi um eficiente tesoureiro do grupo, deixou brotar os seus “Andamentos Poéticos”.
Wilson Jasa, talvez uma das figuras mais esforçadas da nova safra de escritores , lançou “Elo Eternal” e A Pedra Francesa”, ambos em 3ª edição; “A Rosa e o Povo”, traduzido para o castelhano e o japonês; “Pardalino, o Pardal”(infantil), “Poemas de Amor”e organizou mais de 30 antologias em prosa e verso. Também criou, nos moldes do Colégio Brasileiro de Poetas, de Mauá, o Movimento Poético em São Paulo e Lampião de Gás, que muito vem fazendo em prol da nova poesia brasileira. Wilson Jasa está de parabéns pelo seu esforço. É um desses poetas que almoça e janta poesia e que acaba de receber merecidamente alguns prêmios internacionais, coroando assim o seu trabalho, como o Gran Premio Mondiale La Venere de Botticelli (1994) da Academia Del Fiorino – Itália; Prêmio Artístico – Litterario Internazionale La Sicula Athenae (Catania), Academia Internazionale Iblea di Lettere Scienze e Arti de Ragusa – Itallia e muitos outros prêmios internacionais, por sua dedicação total à causa das letras pátrias. Léa Aparecida de Oliveira publicou os seguintes livros: “O Sol e Eles”, 1981; “Etikêta com Peixes e Batatinhas”, sem data; “Talvez Amanheça”, 1984. e participou da antologia “Revoada de Pássaros Negros”, editada pelo Colégio Brasileiro de Poetas.



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