Volta à Cena o autor de “O Bode Expiatório”
Temos em mãos “Espírito Selvagem”, terceiro livro de poesias do persistente poeta e teatrólogo mauaense J. Ramos, numa publicação de João Scortecci Editora, 76 páginas. O autor vem de outros lançamentos: “Apelo” (poesia), 1977; “Bode Expiatório” (peça apresentada em 1980) e “Poemas da Solidão”, 1992, tal como o presente livro uma mescla de poemas e pequenos textos em prosa.
Desde “Apelo”, a poética de J. Ramos não deu grandes saltos qualitativos – pelo contrário: são trabalhos daquela época ou pouco depois os mais marcantes de sua nova obra; “Contraste” e “Negrinho com Febre” eivados de conotações sociais, os carros chefes do livro em foco, (neles o autor se encontra, dá o melhor de si mostrando ser esse o caminho a percorrer). Segue-se uma série de composições menores em gênero desesperadamente romântico, que peca pelo pieguismo da forma, repetições, ausência de uma linguagem poética e grande displicência no uso correto da nossa língua. Isso se pode observar principalmente no poema intitulado “A Porta”, logo no inicio da plaqueta.
Nos pequenos contos, J. Ramos nos surpreende. Embora numa narrativa comum, sem inovações, convence pelo conhecimento dos temas tratados e conduz o leitor em crescente expectativa e curiosidade até o desfecho.
O trabalho num todo tem o seu lado positivo - além dos contos, o livro de J. Ramos é bem apresentado visualmente, com bonita capa e ilustrações de Josué Manoel da Silva. Falta, no entanto, uma cuidadosa revisão gramatical e criatividade no texto que compõe as orelhas, quem sabe uma introdução de outros autores falando sobre o poeta. Por fim, está de parabéns o autor de “O Bode Expiatório”, pela dedicatória aos amigos que se foram, que constitui por si só no primeiro poema de “Espírito Selvagem”.
Aristides Theodoro e
Iracema M. Régis
Jornal da Manhã, 18/05/95
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