CAPÍTULO X
Vencida, a muito custo, a primeira etapa, passamos a procurar gráfica que oferecesse bom preço e qualidade. A Cleide Veronese (já falecida), membro do grupo, que prestava serviço de editoração, ao olhar o material, achou que deveríamos fazer um livro diferente do que pretendíamos. Tanto parlou que nos convenceu a fazer o livro a seu bel-prazer. Por essa ocasião, ela havia editorado o livro “Ventre Aberto”, do poeta Agnaldo Lima Silva, para o qual fiz a orelha e, diga-se de passagem, o livro era passável. Agnaldo se prontificou a fazer a parte da datilografia, coisa que nós sempre repudiamos. De início, datilografou o prefácio de Castelo Hanssen e submeteu-o à nossa apreciação sendo aprovado por todos. Disseram que o preço cairia mais da metade. O certo é que aceitamos a proposta e mandamos rodar o livro. Quando fomos ver as provas, foi aquele fuzuê danado. O livro era um dos troços mais horríveis que já se editou na história gráfica do país em todos os tempos. E passou a ser chamado, daí por diante, de “a cloaca da América”.
A Cleide Veronese, ao notar a revolta dos membros do grupo contra a má qualidade do livro, tirou o corpo fora, jogou toda a responsabilidade nas minhas costas, passou a me evitar, unindo-se aos meus detratores que queriam a minha cabeça a prêmio. Teve quem não aceitasse os seus poemas como estavam e retornou a obra à gráfica, a fim de que fossem reeditadas partes, de modo a satisfazerem exigências. O certo é que o livro, que era para ser o mais barato, tornou-se o mais caro e o pior de todos que fizemos. E em seguida, um dos co-autores, insatisfeito, tentou mover um processo contra mim e assim a coisa foi se azedando a cada novo dia. Os antigos amigos passaram a me olhar de soslaio, como se tudo que acontecera não tivesse a aprovação de todos. Minha decepção foi enorme; chocado e, após pesar os prós e os contras, achei por bem mandar o Colégio com suas picuinhas e suas suscetibilidades à flor da pele, às favas, e cuidar da minha própria vida, isolado de grupos ou de qualquer igrejinha. Foi aí que me enclausurei na Toca Filosófica e passei a fazer uma obra solitária, só dando satisfação a mim mesmo e a alguns bons e poucos amigos. E assim, com o meu afastamento, o Colégio Brasileiro de Poetas, que durou por alguns anos, definhou e, por fim, morreu, vivendo apenas dentro da lembrança de alguns dos seus membros. Depois de sua morte, surgiram novos grupos em Mauá, porém nenhum deles com a força e garra daqueles moços sonhadores que se reuniam nas dependências do velho Bar do Yugo, lá pelo início dos anos sessenta.
Bem, por aqui dou por encerradas estas minhas memórias sobre algumas manifestações literárias
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