quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Tônia Ferr, uma Rebelde

Tônia Ferr, uma Rebelde

Prefácio ao livro “Massacre”, de Tônia Ferr

“Agora os pequenos se revoltam contra os benefícios e os dons mesquinhos. Acautelem-se os que são demasiados ricos.”
Nietzsche

A poesia de Tônia Ferr não é dessas poesias que convencem na base da dialética, com bons modos, na diplomacia; pelo contrário, é uma poesia que agride frontalmente, jogando na cara dos poderosos do dia os seus opróbrios, a sua mesquinhez, as suas arrogâncias e falta de vergonha na cara, que provocam distúrbios na condição humana e diante disso torna a sua autora uma rebelde, árida e às vezes dura, inconveniente como um diamante, que corta os abscessos no mais profundo do seu foco gangrenoso. Tônia tem muito daqueles irados profetas bíblicos, que não temiam em suspender o dedo nas ventas dos reis, denunciando os seus erros, sem prever as conseqüências.
Alguns poemas deste “Massacre” queimam como solvente e incomodam os poderosos do dia que vivem da exploração do homem pelo homem, coisa que Tônia, dentro do seu grande humanismo, não admite e daí, gritar desesperadamente, com todas as forças de seus pulmões:

“Eu grito as injustiças sociais.
Eu grito as desigualdades de classe:
umas tão em cima, outras tão embaixo.
Eu grito os crimes cometidos em nome da lei.
Eu grito as leis inconstitucionais
...................................................
...................................................
...................................................
E finalmente eu grito porque tenho fome.
Porque tenho sede, porque tenho medo do amanhecer
e gritar é a única coisa que possa fazer. ”

Os escritos de Tônia Ferr clamam por urgentes reformas sociais, por leis mais justas, que amparem o velho, a criança e que proporcionem dias melhores para todos ao mesmo tempo e não apenas a meia dúzia de privilegiados, que vivem nababescamente à custa da miséria de uma maioria explorada, que vegeta por estes brasis afora.
Alguns poemas deste livro possuem a força e o ribombo do trovão em noite de tempestade. Nem sempre são trabalhos bem acabados quanto à sua forma, mas sim, trabalhos que valem pela grandeza de sua mensagem social.
Já disse Kautski, com precisão, que “as obras poéticas são, com freqüência, muito mais importantes para o estudo de sua época, do que as mais fiéis narrações históricas. As últimas nos dão somente os elementos pessoais extraordinários e importantes, que são os menos permanentes em seu efeito histórico; as primeiras, por outro lado, nos oferecem um panorama da vida diária das massas que é constante em seus efeitos, com duradoura influência sobre a sociedade”.
A poesia de Tônia Ferr é justamente desse tipo que impressiona pelo jogo fascinante de idéias candentes e denunciatórias, que levam o leitor a meditar sobre tudo que se passa ao seu redor e o porquê.

Aristides Theodoro
Do Colégio Brasileiro de Poetas
Mauá, 06/02/83 – Toca Filosófica


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