quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Margarita

Margarita

Viemos ambas do velho mundo, da Península, a Ibérica, inda que Você, amiga, tenha estado lá em “sonho mediterrâneo”. As raízes, sempre são profundas e alienáveis. Atávicas, nos legam “memórias uterinas” do “caos primeiro”. A saudade é nosso maior legado.
Teu “Das Profundas Raízes” é um livro belíssimo. Não me surpreende, já o adivinhava.... Tem a força da mulher na sua plenitude que ora “reverencia o sol” e “entende”, de repente, a doçura do mar frente ao amado, ora volta às raízes, caminhando pela Buenos Aires onde “nunca é manhã” sabendo que “nunca partiu”.
Argentina? Brasil? Quem saberá! Mas “as ruas de São Paulo vibram” enleiam e confundem as mais convictas identidades. A cidade “acontece simplesmente”. Não importa que cantes a São
Paulo-pedra ou Buenos Aires-outono, a tua poesia tem pernas fortes, corpo saudável e fôlego suficiente, caminhando a largos passos para a universalidade. Não importa que cantes tuas paixões e assumas tua sexualidade ou relates tuas conversas com generais de qualquer um dos países de nossa América. Importa sim, saber do teu propósito de jamais dançar a “eterna dança dos acomodados” porque tua poesia é inquietante, questionadora e reflexiva, como deve ser toda a poesia de nosso tão absurdo tempo.

Dalila Teles Veras, 27/10/83
(Na última capa do livro
)

Prefácio

Maria José Castiglioni falando sobre o livro de
Margarita Anechina, disse isto
:

Suas “Profundas Raízes” caminharam 280 milhões de passos sobre a poesia. Margarita Anechina, artista em toda a expressão da palavra, emerge de sua filosofia.
Seu estilo acusa um aperfeiçoamento constante na arte de criar. Ilustrar a vida com desenhos e penetrar até o fundo das coisas e lá descobrir sua beleza, sua harmonia. Em seus versos, procura, conciliar contradições, descobrindo, na procura “das raízes profundas”uma verdade maior na caminhada da existência. Consegue utilizar a imagem sobre todas as formas. O livro que aqui apresentamos tem a substância da imagem muda. Sua mensagem é a libertação do homem pela sabedoria. Busca a essência do homem, do começo do ser até o final, onde o grito da natureza repercute no medo de desaparecer.

“Das profundas raízes, / é que nasce este canto meu... /
raízes anteriores que navego / a procura do ser / da
existência... / As profundas raízes / do passado e do amanhã...

Margarita tem sua vida marcada pela simplicidade; a poeta portenha está envolvida por uma sensibilidade emocional que mesmo na angústia de sua procura, repete em forma de amizade. Suas idéias não constituem um sistema filosófico, mas, um ideal de vida. Baseada nas atividades mais comuns da existência, dá a estas atividades um sentido que as transfigura. A profunda ternura humana está presente quando diz:

“Repouso a cabeça / sobre uma enorme / e branca / folha
de papel... / No infinito... / volto para ser / o que sempre
fui / ...um poeta”

De uma inteligência excepcional, jovem, culta, poeta por inteiro de alma milenar... o sucesso do seu livro está impresso no seu grande conteúdo.

Maria José Castiglioni

Embora dolorosa, a missão mais elevada do poeta é questionar sem tréguas a inquietante condição humana. Para isso, ele desce aos mais recônditos círculos abismais ou ascende aos largos espaços onde se tece a trama do universo. Margarita Lo Russo de Anechina, neste seu “Das Profundas Raízes”, livro de estréia em língua portuguesa, pois que, em castelhano, possui outros trabalhos editados, transmite esse exato sentir. Essa busca do mistério – aquém e além da própria vida – para situar os frágeis e fugidios instantes de prazer ou de dor. Dois pólos tão antagônicos mas que recebem o mesmo tratamento terno de lirismo contido, que os situa em idêntica dimensão de humanidade, como “uma envolvente ondulação da matéria”.
Essa união de pontos tão extremados é o traço marcante da poesia da autora, que se lança em busca das mais fundas raízes ancestrais para nelas projetar do futuro, tão desconhecido quanto inevitável.

Virgínia Pezzolo
(Na orelha de “Das Profundas Raízes”)

Falar da obra de Margarita Anechina não é tarefa fácil. Margarita é uma filósofa que imerge o leitor nas suas (dela) raízes e avança de dentro para fora, obrigando-o a se questionar, o porquê do gênese até o infinito.

Tônia Ferr
Do Colégio Brasileiro de Poetas, de Mauá

Das Profundas Raízes” de M. Anechina é retrato fiel da trajetória de atenta e sensível-cidadã latina. Visão lúcida de quem emigra como ave para um lugar mais quente, Margarita coloca o imigrante no seu devido lugar... “de andarilha... / o levo aqui oculto... / nos labirintos”. Sem perder sua memória nem negar sua origem. Sua poética singular delineia através da harmonia das palavras um caráter fortemente visual e gráfico ao captar o domínio das belas imagens poéticas, sintéticas como pintura neo-impressionista.

Katsuko Shishido


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