quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Enquanto existirem “Dons Quixotes”

Enquanto existirem “Dons Quixotes”

Em suas andanças pelos chãos de muitas pátrias, nas praças, nos bares, nos templos, nos lares, no trabalho, no lazer, na defesa do direito, no cumprimento do dever ou mesmo no “ventre de uma lagarta de aço”, vai o homem construindo a sua História.

Preservam-na a memória popular, as tradições. Registram-na e perpetuam-na as artes e, de um modo especial, a Literatura.

Foi o que fizeram, de longínquos tempos aos nossos, Homero em “A Odisséia”; Camões, em “Os Lusíadas”; Alencar, em “Iracema”; Castro Alves, em “O Navio Negreiro”; Guimarães Rosa, em “Grande Sertão: Veredas”; Euclides da Cunha, em “Os Sertões” e tantos outros luminares que fizeram da Palavra um instrumento de imortalidade.

Na mesma trilha gloriosa, o nosso ABC também ganhou imortalizadores da saga de sua gente e de sua cultura: Irineu Volpato, em “Paulistarum Terra Nostra”; Dalila Teles Veras, em “As Artes do Ofício – Um Olhar Sobre o ABC”; Antonio Possidonio, em “Em Busca dos Companheiros”; Tasso M. de Melo, em “História da Literatura, em Santo André...”. Finalmente, chegou a vez da progressista Mauá oferecer à sua gente a saborosa história de sua cultura, nas páginas de Manifestações Literárias em Mauá.

Personagem-Narrador, Aristides Theodoro, o “Jagunço”, para os íntimos, com seu jeitão despojado, como quem conversa tête-à tête, vai desfiando fatos e nomes dos pioneiros fazedores de cultura, de Mauá. Com a espontaneidade de um perfeito contador de histórias que se recorda, se emociona, se exalta, se diverte, resgata personagens, reaviva lembranças, faz justiça, perpetua feitos e fatos que estando no passado passam a compor o presente e projetam para o futuro. Jamais se perderão nas sombras do esquecimento.

Com o velho Aristides, brigador, recordam-se, acalentando saudades, os que naqueles tempos tiveram as cabeças fervilhando de sonhos e as almas transbordando de inspiração.

Com o velho Aristides, pesquisador, jornalista, escritor, sempre polêmico, vivem as emoções dos idos tempos de idealismo, aqueles que não as puderam mas vivem-nas, hoje, tendo as cabeças jovens ou encanecidas, fervilhando de sonhos.

De qualquer forma, enquanto existirem “dons quixotes”, a cultura, as artes, os sonhos sobreviverão.

T.S.Malta
S.B.C.
Novembro de 2001

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